Os testes de intolerâncias alimentares foram uma das inovações com maior sucesso nos últimos 10 anos. Começaram por ser restritos a 1-2 marcas que tinham uma análise caríssima mas hoje popularizaram-se e é muito frequente apareceram pessoas com resultados do seu teste e um cartão com alimentos a verde, amarelo/laranja e vermelho. E outras tantas que referem que perderam peso e tiveram muito bons resultados com a dieta sem X ou Y. O Glúten foi um dos vilões a ser mais atacado.
Vamos a factos:
- O glúten é um conjunto de fracções proteicas que existe em alguns cereais sendo o trigo o seu embaixador por excelência
- Desde o aparecimento da agricultura (Neolítico), o Homem mudou os seus hábitos alimentares de forma drástica e há muito não come trigo mas sim produtos que também têm trigo – cereais de pequeno-almoço, bolachas, massa e pão.
- E o glúten não existe só aqui mas também em produtos com trigo e farinha na sua composição como produtos de pastelaria, bolos, tortas embaladas, fast food, etc.
- Ao contrário de outras “alergias”, mediadas por proteínas, a intolerância ao glúten na sua forma mais grave (doença celíaca) não provoca choque anafilático
- Uma das consequências naturais dessa resposta ao glúten é a lesão morfológica do intestino delgado afectando a imunidade e a absorção dos nutrientes , em última instância induz um fenómeno de auto-imunidade.
- Esta lesão leva a perda de peso por menor capacidade de absorção dos nutrientes e não ao ganho de peso
Sintomas no adulto
- Anemia e aftas recorrentes
- Caibras
- Dores ósseas e articulares
- Diminuição da fertilidade
- Cansaço/fadiga crónica
- “Foggy brain” ou dificuldades de concentração
- Alterações na pele (ex:. dermatite)
Então e porque é que surgiu como dieta para emagrecer?
O emagrecimento depende de um défice energético, é um facto consumado, então imagine a ingestão energética de indivíduos que têm de cortar de um dia para o outro:
- Pão
- Bolachas e Tostas
- Cereais de pequeno-almoço
- Massa
- Pizza
- Bolos de pastelaria
- Bolos caseiros (com farinha de trigo)
E ser ultra cuidadosos na leitura dos rótulos de todo e qualquer produto processado. Uma ida a um restaurante passa a ser uma aventura e o supermercado é a segunda casa porque leva muito mais tempo a escolher.
Naturalmente que a primeira resposta foi a de redução de volume e peso por diminuição da ingestão e de forma espontânea.
O problema, infelizmente ou teríamos a solução para a obesidade, é que actualmente existem muitos produtos sem glúten que têm composições muito distintas do “ideal” e incluem mesmo ingredientes nutricionalmente pouco equilibrados. Ou seja, já pode encontrar no mercado todos os produtos mencionados acima sem glúten. Veja os rótulos, no que diz respeito aos ingredientes e ao teor energético (por 100g) e tire conclusões sobre se isso é um alimento saudável.
Naturalmente que isto não implica que não possa e deva de facto reduzir a ingestão de alguns alimentos que, por mero acaso, também têm glúten e procurar variar sobretudo as suas fontes de hidratos de carbono. Mas por isso mesmo, o princípio da variedade é tão importante na alimentação.