Este é um tema importante, embora poucos falem dele ou talvez nem achem importante discuti-lo mas que tem um impacto maior do que pensam e frequentemente é uma causa de mal-entendidos e perdas de confiança. O tema é simples: ética, deontologia e confiança entre utente/cliente e profissional. E não se aplica apenas no que diz respeito à nutrição.
A situação é simples: estão a ser acompanhados por profissional X, Y ou Z e a seguir um plano alimentar e/ou de treino, postam pontualmente as vossas refeições e treinos nas várias redes sociais e há aquele contacto que critica o que estão a fazer e diz que assim não vão a lado nenhum, que deviam fazer “outra coisa qualquer” porque funciona melhor assim ou assado, etc.
Agora é nas redes sociais, antes era à janela e no balneário:
- a vizinha gorda a comentar a sua alimentação e a dizer que assim não emagrece mas ela própria é a primeira a não fazer nada
- o frango “bombado” que não tem 3 meses de ginásio e já opina o treino dos outros
Os factos sobre o assunto
- A pessoa que está a comentar foto seja da alimentação ou do treino não faz a mínima ideia do planeamento global que está a ser feito e do porquê de cada elemento, logo aí está a errar porque está a comentar detalhes com base em princípios que desconhece porque não consegue adivinhar a big picture
- Ainda assim, mesmo que conheça, o plano foi feito para si e tem uma lógica que por certo foi até falada e discutida com base nas expectativas e nos objetivos a curto e longo prazo
- Esse tipo de comentários desvaloriza o trabalho e de certa forma está a atacar, mesmo que inocentemente e sem intenção maldosa, a confiança entre o cliente e o profissional porque inevitavelmente a pessoa vai perguntar-se porque é que dizem isto… e não tenham dúvidas de que há dias em que a pessoa pensa duas vezes se está no caminho certo…
Acima de tudo, o que me preocupa realmente é que as pessoas que comentam muitas vezes fazem-no de forma leviana e sem pensar nas consequências. Frequentemente nem são profissionais credenciados na área, se fossem teriam de respeitar um código de ética e deontologia.
Se nunca tivesse passado por nenhuma situação dessas não saberia o impacto que tem na relação de confiança com a pessoa, o cliente mesmo achando que está bem acompanhado começa a duvidar, e pior do que isso a inventar face ao plano e por vezes surgem mal entendidos.
Nem todos têm a inteligência emocional para aceitar alguma assertividade da parte do profissional e como tal , sim, as pessoas não reagem bem quando são confrontadas com algumas verdades nestas situações. E com tanta desinformação que se vê na internet, se procurou um profissional e pagou por isso, porque ateima em ouvir quem nem lhe põe comida na mesa nem tão pouco lhe oferece o serviço? Ah e tal… pois é!
Portanto sim, a escolha é sua em como deve decidir perante estas situações. A atitude correta, e aqui falo por mim, é querer aprender sempre mais e perguntar ao profissional sempre que há algo que está a inquietar mas aceitar que por vezes, tem mesmo de querer ouvir e não partir logo da ideia que há ali uma explicação mágica por detrás qual física quântica da nutrição.